não era só a tumefacção do ar
não era só a tumefacção do ar que lhe recortava o corpo cruzando devagar as lajes da praça. também a luz eléctrica da madrugada recortando as árvores intumescia o real que o engolia. parecia-lhe quase impossível avançar para dentro do mundo, tal era a sua tactilidade. tudo se desenhava à sua frente com jubilosa nitidez. a contiguidade com o espaço era tão forte que se tornava adstringente. o movimento das coisas reverberava na humidade fria do ar, ponto de fuga da alucinação anti-aderente que o emocionava. descrever era simular a radiação da alegria, era fazer de conta que havia para isso um substituto. algo que cingisse essa cisão.
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