31 outubro 2005

Spam, 1























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28 outubro 2005

Espreitar pela vidraça, 1




GR - Está vivo!
ABB - Está morto!
MP - Dorme, quando muito.
FMO - Quem?
OMS - Lá vem este!
LQ - Quem?
OMS - Foda-se. Tantos dias sem aparecer e vem na mesma.
PS - Quem?
MP - Lá vem este?
CA - Outra vez?
GR - O quê?
ABB - Sei, lá. O Sr é que começou!
GR - Mas comecei o quê?
ABB - Isso queria eu saber!
FMO - Eu quem?
ABB - Eu quem?
OMS - Foda-se. Tirem-me este gajo da frente.
LQ - Qual gajo?!
OMS - A dormir é que você estava bem!
PS - A dormir?
OMS - Sim, não é o que tem estado a fazer?
CA - Eu?
ABB - Eu quem?
OMS - Foda-se. Outra vez a mesma fala é que não!
ABB - Foda-se digo eu. Que merda de conversa é esta?
MP - Conversa? Chama a isto uma conversa?
ABB - Não chamo nada. Nem digo nada.
GR - Não diz nada? E então não foi o Sr. que disse que estava morto?
ABB - E está!
GR - Está morto o quê!
LQ - Morto e bem morto!

Espreitar pela vidraça, 2




GR - Está vivo!
ABB - Está morto!
PS - Não está, não.
CA - Como é que sabe?
PS - Inda agora vi.
FMO - Inda agora viu?
PS - Sim.
MP - O quê?
LQ - O quê o quê?
CA - O Sr. Serra diz que viu.
LQ - Viu o quê?
FMO - Isso queria eu saber!
CA - Sr. Serra, o que é que viu?
PS - Vi que não estava morto.
FMO - Ai, viu?
CA - Eu também vi.
ABB - A Sra. também?
GR - E eu também vi qualquer coisa.
OMS - Claro. Não há duas sem três.
ABB - Seja como for, está morto!
GR - Está vivo!
MP - Dorme, quando muito.

Espreitar pela vidraça, 3



CA - Tenho a certeza!
OMS - Deve ser a única...
LQ - Olhe que ela tem razão.
PS - Eu também vi!
FMO - Viu o quê?
MP - Sr. Oliveira, essa não era a sua fala.
FMO - Então era qual?
MP - Sei lá.
OMS - Não há quem o ponha a dormir?
LQ - A quem?
OMS - A quem há-de ser! Um tiro certeiro é que vinha a calhar!
ABB - Não seja sarcástico!
GR - Então não vê que é o trabalho dele?
CA - Como é que ele se há-de sentir?
FMO - E em mim ninguém pensa?
LQ - Julga que temos tempo para isso?
PS - Vejam, vejam agora!
MP - O quê?
GR - Está vivo! Eu bem disse.

Espreitar pela vidraça, 4




GR - Está vivo!
ABB - Está morto!
MP - Dorme, quando muito.
OMS - Vou-me embora daqui.
FMO - Ai vai?
OMS - Não, não vou.
FMO - Mas disse que ia.
OMS - Podia ter dito outra coisa? Digam-me lá, podia ter dito outra coisa?
PS - Não se enerve, homem!
FMO - Tem de concordar que é estranho.
LQ - O quê?
CA - Dizer uma coisa e fazer outra.
OMS - Mas a questão é precisamente essa: fui eu que disse?
FMO - Então quem foi?
LQ - Eu é que não.
CA - Nem eu.
OMS - Reparem bem. Que o tipo é transparente como a água.
PS - Vejam, vejam agora!
MP - O quê?
GR - Está vivo! Eu bem disse.

Espreitar pela vidraça, 5




GR - Está vivo! Eu bem disse.
ABB - Qual vivo, qual quê!
PS - Vejam, vejam agora!
MP - O quê?
CA - Também vi.
FMO - Viu o quê?
OMS - A sua paciência esgota-me.
FMO - Mas que paciência?
OMS - Ainda pergunta?
PS - Vejam, vejam agora!
GR - Agora já não há dúvidas.
ABB - Não vi nada.
CA - Vi outra vez.
FMO - Mas viu o quê, santo Deus?
LQ - Calma, Sr. Oliveira.
CA - Vi-o mexer-se.
PS - Pois foi.
GR - Mexeu a orelha!
PS - Mexeu a cauda!
CA - Mexeu a narina!
ABB - Quando?
FMO - E como?, se está morto?
OMS - Morto e bem morto. Bem pode mexer.
MP - Isso é comigo?
GR - Está vivo! Eu bem disse.

09 outubro 2005

O despertar do Casmurro, 1










- Parece que sim.
- Parece que sim?
- Sim, parece que sim.
- Sim, parece que sim?
- Sim, que parece que sim.
- Que merda de palíndromo é esse?
- Vá mas é.

O despertar do Casmurro, 2




















- O quê?
- O quê o quê?
- O Sr. é que perguntou.
- Eu?
- Não. Fui eu!
- Bem me parecia.
- O quê?
- O quê o quê?
- Que palíndromo!
- Palíndromo ou anagrama?
- Acróstico!

O despertar do Casmurro, 3



















- Hibernação...
- Latência...
- DTA.
- DTA?
- Diminuição Temporária de Actividade.
- Letargia, portanto.
- Não, isso não.
- Já fixei os posters.
- Os posters?
- Sim, os posters.
- Não percebo.
- Onde há posts, há posters.
- Ai há?
- Ah yah?
- Não, ai!
- Magoou-se?
- Ai, ai, ai!
- Mas o Sr. fixou o quê?
- Oito, fixei os oito.
- Fixou?
- Para a posteridade.
- Poster póstero.
- Isso mesmo.

O despertar do Casmurro, 4



















- Ressonava?
- Quem?
- O Sr., pois quem senão.
- Eu? Não prego olho há que noites.
- Não prega olho? Não prega olho, mas estava ferrado...
- Quem me dera! É só noites em branco.
- Isso sei eu.
- O que é que quer dizer com isso?
- Nada. Olhe, que ando para aqui que nem um fantasma.
- Também me fazia falta!
- O quê?
- Um espectro. Ao menos um espectro!
- Ao menos um espectro?
- Sim, qualquer coisa que me agitasse por dentro.
- Ferrado dessa maneira?
- Já lhe disse: nem passei pelas brasas.
- Isso sei eu.
- O que é que quer dizer com isso?
- Nada. Olhe, que ando para aqui que nem um fantasma.

O despertar do Casmurro, 5













- Ora, viva!
- Muito se dorme...
- Não entendo a que se refere...
- Pudera!
- Eu não estive a dormir.
- Então esteve a quê?
- Estive a trabalhar.
- Um onírico portanto! Ou, quiçá, um sonâmbulo!
- Nem uma coisa nem outra!
- A escrita é uma coisa delicada.
- Delicadíssima.
- Era o que eu dizia.
- Requer pausa...
- Cochilos frequentes...
- E ponderação...
- Longas sestas...
- E muita reflexão...
- Sonos profundos...
- Tudo menos precipitação.
- Narcolepsia.
- Antes pelo contrário.
- A narcose dos dias.
- A espuma dos dias.
- Isso, sobretudo isso.

O despertar do Casmurro, 7



- Hum?...
- Já acordou?
- Hã?...
- Isso é que foi dormir!
- Hum?...
- O sono dos justos!
- Hã?...
- Vejo que me enganei.
- Hum?...
- Bocejo entorpecido.
- Hã?
- Preguiçar sonolento.
- Hum?
- Vou-me embora.
- Então vá.

O despertar do Casmurro, 6


- Quem é?
- Sou eu.
- Eu quem?
- Eu, o Groucho. Marque-se!
- Há que tempos!
- Mas há que tempos o quê?
- Há que tempos que não o via.
- Pois, se dorme todo o tempo...
- Durmo todo o tempo?
- Sim, este é um blogue adormecido.
- Cada blogue tem o soneca que merece.
- Isso é comigo?
- Não! É comigo...
- Acordou mal disposto, estou a ver.
- Sim, estou no limiar.
- No limiar?
- No limbo.
- No limbo?
- Na transição entre dois estados.
- Dois estados?
- Entrar e sair.
- Tem graça!
- Viver e morrer.
- Acordar e dormir.
- O que está a insinuar?
- Nada. Observo apenas.
- O quê?
- Os dois estados. O limbo. O limiar.
- Rir e chorar.
- Escrever e calar.
- O que está a insinuar?
- Nada. Observo apenas.
- O quê?
- Os dois estados. A dor subterrânea que percorre tudo isto.
- Isto?
- A soleira da porta.

O despertar do Casmurro, 8

- Tive um sono!
- Um sonho?
- Sim, isso, um sono.
- Um sonho, portanto.
- Sim, um sono onírico.
- Ah, pois! Um sonho!
- Um sono onírico maravilhoso.
- Ah, sim? E que sono foi esse?
- Sonei que tinha tido um sono.
- Quer dizer, sonhou.
- Sim, sonei.
- E que sonho foi esse?
- Não foi um sonho.
- Ah não?
- Não, já lhe disse. Foi um sono. Tive um sono!
- Um sonho?
- Sim, isso, um sono.
- Um sonho, portanto.
- Sim, um sono onírico.
- Ah, pois! Um sonho!
- Um sono onírico maravilhoso.
- Ah, sim? E que sono foi esse?
- Sonei que tinha tido um sono.
- Quer dizer, sonhou.
- Sim, sonei.
- E que sonho foi esse?
- Não foi um sonho.
- Ah não?
- Não, já lhe disse. Foi um sono. Tive um sono!
- Um sonho?
- Sim, isso, um sono.
- Um sonho, portanto.
- Sim, um sono onírico.
- Ah, pois! Um sonho!
- Um sono onírico maravilhoso.
- Ah, sim? E que sono foi esse?
- Sonei que tinha tido um sono.
- Quer dizer, sonhou.
- Sim, sonei.
- E que sonho foi esse?
- Não foi um sonho.
- Ah não?
- Não, já lhe disse. Foi um playback.
- Um playback?
- Sim, um déjà lu.
- Um déjà vu?
- Sim, isso, um déjà lu.
- Um déjà vu, portanto.
- Sim, um déjà lu onírico.
- Ah, pois! Um déjà vu!
- Um déjà lu onírico maravilhoso.
- Olhe, durma mas é.