18 dezembro 2005

onírico, 2



- Nunca imaginei vê-lo em estado melancólico, Groucho!
- Olhe, nem eu, nem eu…
- Sempre pensei que…
- Sempre pensou o quê? Lá está o senhor!
- Sempre pensei que não estivesse cá ninguém.
- Pois esse é o seu problema.
- O meu problema?
- Sim, pensar que a criatura das suas falas desaparece assim, sem mais nem menos, no silêncio da noite.
- Sabe, tenho pensado nisso.
- Nisso?
- Sim, no silêncio da noite, na criatura das minhas falas.
- Quem diria!
- E sabe uma coisa?
- Como quer que saiba?
- Ainda esta noite, por exemplo. A criatura das minhas falas aparecia e falava comigo.
- E o que lhe dizia ela?
- Nada, ao princípio não dizia nada.