Fogo-de-artifício 6
ABB (pensativo) – Anáforas e epanáforas!
PS (intrigado) – Anáforas e epanáforas?
ABB (explicativo) – Sim, sim. É o truque dele.
OMS (indignado) - Truque? Isso é dar crédito demais à criatura. Ele sabe lá o que faz!
FMO (sempre oportuno) – De quem é que estão a falar?
LQ (baloiça, suspenso do candelabro) – Tá-se bem!
LM (fazendo avançar a acção) – E o que fazemos com aquele lá em cima?
PS (virando-se para ABB) – Mas ainda não percebi a descrição do método.
GR (zombando) – É Stanislavsky à procura de Pirandello.
FMO (inquisitivo) – Ai é? Deve ser uma coisa nova. Pensei que aqui só se praticava Brecht.
CA (corroborante) — E eu, que era só absurdo!
OMS (contundente) — Do absurdo é que não é! Mas lá que tem qualquer coisa a menos, disso nunca tive dúvidas!
LM (fazendo avançar a acção) – Do corpo, não vos parece?
PS (a testa franzida em sinal de ponderação) – Da palavra, diria eu.
ABB (triunfante) – Ora, era aí que eu queria chegar!
FMO (vingando os desaires anteriores) – Mas não foi aí que começou?
GR (galhofando) – O eterno retorno é a origem da tragédia.
PS (pronunciando as sílabas com gravidade) – Ou-tro mé-to-do? Mas o homem é inesgotável.
CA (desafiadora) – O problema persiste: como interpretar a Personagem no Candelabro?
FMO (olhando para o tecto) – Mas a peça já tem título, é?
ABB (à beira de perder as estribeiras) – Viu algum itálico, viu? Por acaso viu algum? Viu? Viu?
LQ (baloiça, suspenso do candelabro) – Tá-se bem!
LM (fazendo avançar a acção) – Mas o Sr. não consegue dizer outra coisa?
LQ (baloiça, suspenso do candelabro) – Conseguir, consigo! O problema não é esse.
FMO (interrogativo) – Mas que é dele, que não aparece?
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