03 março 2006

Casa de férias 4, adenda final


(...) A manhã não é o sol,
É esta atitude dos nervos,

Como se um intérprete obtuso agarrase
Os matizes da viola azul.

Tem de ser esta rapsódia ou nenhuma outra,
A rapsódia das coisas como são.


— Vejo que voltou ao poema original do Wallace Stevens, Groucho.
— Bem prega Frei Tomás...
— E isso quer dizer?..
— Então depois da sua conversa nocturna de ontem, vem-me dizer que voltei ao poema original?
— Queria apenas dizer que...
— Eu percebi, mas o Sr. Mourão é que talvez não. É evidente que não é o mesmo poema. É o mesmo poema depois de eu o ter transformado e destransformado de volta. Faz uma grande diferença.
— Por exemplo?
— Ora olhe bem para lá: não se percebe melhor agora que toda a carga não está na rapsódia das coisas como são mas nos nervos do não sei quantos obtuso?
— Intérprete obtuso.
— Não sei quantos obtuso: wallace obtuso, vergílio obtuso, qualquer um por vir obtuso.
— Se você acha, Groucho...