os traços das guias separadoras
os traços das guias separadoras, a entrar e a sair do campo de visão, à esquerda. a linha contínua à direita. isso e os dois halos azulados, no tejadilho da ambulância que seguia cinquenta metros adiante. para memória implantada parecia-lhe sem falhas. mas ainda não tinha a certeza. algo do que vislumbrara do laboratório teria desencadeado aquela reminiscência. sentia os braços ao volante e, concentrado nos pontos de luz que, lá fora, marcavam o movimento da estrada, o invólucro do veículo era mera impressão periférica. por que não conseguia recordar-se bem da posição corporal? da superfície de contacto com o banco ou com os pedais? seria esse o sinal de uma existência anterior? o céu ficava gradualmente mais escuro. sim, não havia dúvida de que a simulação do tempo estava bem codificada. quem teria sido? contraiu os músculos da perna só para se sentir a sentir.
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