17 novembro 2005

não estava à espera disso

não estava à espera disso. uma dobra e depois outra. e outra. e ainda assim nada. nada deste lado. nada desse lado. não era uma curva que se pudesse seguir. ou uma linha ensimesmada. o rasgo que se abria mal se notava. seria uma ilusão óptica. um sombreado que escurecia ligeiramente a superfície. entre o plano de cá e o plano de lá, uma sutura pedia para ser distinguida. e produzia o olhar com que era percorrida. circunvolução que fagocitava o real, pulsava. os sensores davam-lhe a densidade do ar. estava quase pronto. os terminais nervosos retraíam-se a cada toque. quem diria?