tocámos a pista às 17h47
tocámos a pista às 17h47, hora local. o voo estava dentro do horário previsto. trouxe o carrinho até ao cais do comboio do terminal 2. à saída do túnel, soube-me bem voltar ver a silhueta da cidade. por onde já não passava desde o Verão passado. telhados, paredes, portas, janelas das casas desfilavam em planos sucessivos e a velocidades variáveis. como se se desintegrassem para de novo coalescerem nos edifícios de que faziam parte. o castanho escuro, o cinzento e o ocre dos tijolos entrecortados pelos verdes das árvores. ao abrandar, as catenárias pareciam marcar os limites dos fotogramas da projecção que ocorria para lá da janela, iluminada pelo sol baixo do final da tarde. saí na Estação Central. o largo e a avenida pareceram-me imediatamente familiares. retirando o cartão que trazia na carteira, confirmei a morada. «please, take me to this address.» não era longe do centro da cidade. à medida que o táxi avançava, num trajecto perpendicular aos canais, a minha atenção fixava-se nas fachadas dos edifícios, nos néons e nos muitos tróleis que enchiam de cor as filas de trânsito. um dos desenhos intermitentes fixou a minha atenção enquanto esperávamos a abertura do semáforo. por detrás das pessoas que, na esquina, atravessavam a rua apressadamente, vislumbrei inadvertidamente o Groucho Bar, onde no dia seguinte tinha encontro marcado. a minha atenção deambulou depois ao acaso até chegar a casa.
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