30 junho 2005

Alvoroço no condomínio, 2

MP – Já falei com ele. E acho que é um caso sério
ABB – Mas sério como? O que vem a ser “sério”? E, aliás, se vamos por aí, o que vem a ser “caso”?
OMS – A função metalinguística não, por favor! Função por função, comecemos pela conativa.
MP – Já não se pode ter uma conversa.
FMO – É só jargão nesta botica.
LQ – Jargão e os Argot-nautas!
PS – Concentrem-se, caramba, concentrem-se!
GR – É o que eu acho: falta concentração a esta malta.
MP – Bom, o certo é que eu acho que temos um caso sério.
ABB – Explique-se, explique-se.
OMS – Estamos todos à espera.
MP – A violação do correio não é a única questão pendente.
GR – Pendente, não. Candente.
ABB – Não o sabia tão especioso, Sr Rubim.
GR – Especioso, não. Cioso. E esta palavra é minha, atenção!
FMO – Concentrem-se, caramba, concentrem-se!
PS – Essa frase é minha!
LQ – É, não. Era! A linguagem pertence à tribo.
OMS – Estou a ver que nunca mais saímos daqui.
MP – A violação do correio não é a única questão pendente.
ABB – Avance, homem, avance. Que diálogos senis estes em que você nos mete!
OMS – Também digo. Eu calo-me já, se me continua a encher a boca com buchas destas.
FMO – Então, e a minha deixa?
PS – A sua não sei, mas a minha era essa.
GR – A violação do correio não é a única questão candente, dizia o Sr Portela.
MP – Está a pôr-me palavras na boca.
LQ – A pôr, não. A tirar.
MP – Eu disse pendente.
FMO – A linguagem pertence à tribo.
LQ – Essa frase é minha!
PS – E essa é minha!
ABB – O caso é verdadeiramente sério.
MP – Eu bem dizia.