05 julho 2005

Soneto 130

130.
Seus olhos em nada ao sol se parecem,
Seus lábios rubros, menos que o coral,
Se é branca a neve, os seios lhe escurecem,
Negro o cabelo, em fios de metal.
Vi rosas rubras, brancas, cor-de-rosa,
Mas nunca a face de rosas corada,
E fragrância há bem mais deleitosa
Do que o cheiro que exala a minha amada.
Gosto de ouvi-la falar, mas bem sei
Que a música apraz com mais perfeição.
Uma deusa a passar nunca notei,
Pois quando caminha ela pisa o chão.
Inda assim, o meu amor é tão raro
Como o que o desmente quando o comparo.

William Shakespeare (Tradução MP)