12 julho 2005

Reconstrução, 2

- Dizia eu que a reconstrução do Iraque é o maior programa de ocupação dirigido pelo Governo americano desde o Plano Marshall. Mas com uma diferença significativa: a reconstrução do Iraque é paga pelo país libertado.
- Já estou ao corrente. Não é necessário repetir.
- Bom, havia para esse programa 6 biliões de dólares do programa das Nações Unidas, além dos valores bancários congelados e pelo menos 10 biliões de dólares do rendimento das exportações de petróleo só no ano a seguir à invasão. Todos estes fundos foram transferidos para uma conta do Banco da Reserva Federal em Nova Iorque, ao abrigo da resolução 1483 do Conselho de Segurança, aprovada a 22 de Maio de 2003. Nasceu assim o Fundo para o Desenvolvimento do Iraque. Também o Congresso…
- Se isto é uma aula de relações internacionais, está a falar com a pessoa errada. Esse seu excurso excede o que é razoável em nome da civilidade…
- Calma, Sr Groucho. Não seja susceptível. Uma boa conversa tem às vezes circunlóquios, mas traz as suas próprias recompensas.
- Se o senhor chama a esta prelecção uma conversa… O meu papel nestas “conversas” vai ter de se alterar. Já disse e volto a dizer. A minha paciência começa a chegar ao limite.
- Também o Congresso aprovou uma resolução que determinava uma comparticipação de 18,4 biliões de dólares do orçamento americano para o desenvolvimento do Iraque.
- Não me vai dizer que esse fundo também desapareceu?
- Não. Já lhe disse que não se trata de um desaparecimento puro e simples. A verdade é que a 28 de Junho de 2004, quando Paul Bremer deixou Bagdad, a Autoridade Provisória da Coligação tinha gasto 20 biliões do dinheiro iraquiano e apenas 300 milhões de dólares de fundos americanos.
- Pouparam a reserva nacional, está bem de ver. Mais um sinal de patriotismo.
- Não se vá embora, que o melhor está para chegar.
- Ai, as voltas que o Sr. dá! As voltas que o Sr. dá!