15 junho 2005

«cherry stones have to be taken out first»

«cherry stones have to be taken out first. eight pounds of cherries. four pounds of sugar. just let it boil for a while. not too long» - explicava David Lot, de avental diante do fogão. o Keith abrira-me a porta quando cheguei. «hi, Djuca, good to see you. please, come in. David’s in the kitchen». não contavam comigo tão cedo. o cheiro da compota chegava à entrada. «yes, i like the smell, it’s kind of bittersweet, don’t you think?» -disse ele. eu estava ansioso para pôr os olhos no quadro. David, nas calmas, despejava o doce do tacho para quatro boiões alinhados na banca. «so, what’s up Djuca? are you OK?» - ainda de costas para mim. «everything’s fine, yes, better than i expected, you know.» ele a lamber a compota que escorria pelo bordo dos frascos. de repente, os ramos da cerejeira a vergarem sob o peso das cerejas. era só esticar o braço e puxá-las, aos pares. as mais maduras a tintarem-me os dedos. pareceu-me reconhecer a canção que se ouvia em fundo, vinda da sala. «now i’m older my heart colder.» Arcade Fire, talvez.