«cherry stones have to be taken out first»
«cherry stones have to be taken out first. eight pounds of cherries. four pounds of sugar. just let it boil for a while. not too long» - explicava David Lot, de avental diante do fogão. o Keith abrira-me a porta quando cheguei. «hi, Djuca, good to see you. please, come in. David’s in the kitchen». não contavam comigo tão cedo. o cheiro da compota chegava à entrada. «yes, i like the smell, it’s kind of bittersweet, don’t you think?» -disse ele. eu estava ansioso para pôr os olhos no quadro. David, nas calmas, despejava o doce do tacho para quatro boiões alinhados na banca. «so, what’s up Djuca? are you OK?» - ainda de costas para mim. «everything’s fine, yes, better than i expected, you know.» ele a lamber a compota que escorria pelo bordo dos frascos. de repente, os ramos da cerejeira a vergarem sob o peso das cerejas. era só esticar o braço e puxá-las, aos pares. as mais maduras a tintarem-me os dedos. pareceu-me reconhecer a canção que se ouvia em fundo, vinda da sala. «now i’m older my heart colder.» Arcade Fire, talvez.
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