08 março 2006

Horror

Andrés Serrano, “Klans man (Knight I Lawk of Georgia of the Invisible Empire III)”, 1990.
- Mas então, na sua opinião Sr. Serra, esta obra do fotógrafo Andrés Serrano...
- Sim, sim Sr. Serra, pode ajudar-nos a distinguir o que podemos chamar um ironista petit maître de um nível superior de ironista.
- Como assim?
- A obra do fotógrafo Andrés Serrano expõe – ou, digamos, torna visível – que o ironista petit maître acaba sempre por “esconder” um moralista.
- Este Andrés Serrano é cá dos meus.
- E dos meus, mas há poucos, demasiado poucos, muito poucos mesmo. Andrés Serrano interessa-se como eu pela arte, que é sempre coisa dos vivos.
- Quer também então dizer, Sr. Serra, que o “Knight I Lawk of Georgia”, ironista petit maître, é face da morte, que é o que o Vázquez Montalban dizia ser, por exemplo, a culinária?
- Enfim, Sr. Serra, quer dizer que, e não veja nisto um desdizer, que o que interessa é a vida que esconde essa bela face da morte. E, entretanto, que o poder está sempre nas mãos de um petit maître.
- Um horror, Sr. Serra.
- O horror, Sr. Serra, o império invisível do horror.