Uma ajuda, com algum trabalho de campo
Aos casmurros e a quem mais possa interessar,
Passeava eu com a minha guitarra azul
Sonhando, no cibercéu,
Quando o vislumbrei,
Debruçado sobre o teclado,
Forjando assinaturas
E inventando dados.
«Pixel, Pixel!», cantava ele,
quando chamei «Manel, Manel!».
Virou-se e, olhando-me, perguntou
«Quem és tu, querubim?
Serás tu um tal Rubim?»
«Eu sou o homem da guitarra azul,
faço trabalho de campo
por cirros, estratos e nimbos,
e muito estranho a névoa no teu olhar.
Pois podes tu não te lembrar de mim?
Dos poemas transgénicos que, em febril parto,
Por livros dispersámos, que iluminámos?»
E eis que, do braço, afinal cyborg,
Lhe saltou teclado que digitou
Em frenesi Ctrl + Alt + Del,
Após o que nada mais se viu dele.
«Adeus, adeus, caríssimo Manel,
que afinal não eras ele.
Mas um casmurro 3D,
Um efeito especial,
Um fake digital».
Cuidado, pois, com acusações
Ao Portela original,
Que ninguém sabe onde pára
Criatura tal.
Parasitado, usurpado,
Assassinado pelo digital?
Não vejo como,
sem um Blade Runner,
possamos resolver
este caso assaz complicado.
Cordialmente,
Luís Quintais
<< Home