19 fevereiro 2006

A propósito de uma escandalosa usurpação

A quem de direito,

Julgava eu que tinha aderido a um clube de puros e rectos espíritos, e vejo-me afinal atraiçoado por um infame estratagema: o da usurpação da minha assinatura. Vejo-me pois obrigado a repor a verdade, informando que (i) nada me move contra o quartel da Avenida de Berna, onde aliás se vive um permanente e delicioso estado de PREC; (ii) nada me move contra o insigne Sr. Baptista, tanto mais que (iii) nada me diz o repto que ele me lançou a propósito de umas manhosas «imunidades de língua». Na verdade, pouco me interessam hoje as questões do moderno e do pós-moderno. Dediquei-me a elas em altura em que precisava de fabricar um tomo académico, ainda assim bem mais magro do que o tomo que, para idênticos fins, o Sr. Baptista deu à luz. Continuarei pois a ler Camilo com a mesma solidariedade minhota de sempre e Eça com o mesmo encanto que dedico a todos os que candidamente desrespeitam imunidades de língua.
A usurpação, porém, permanece. Questão ética, antes de jurídica, e ontológica, antes de ética. Agradeço pois que o usurpador, que o terá sido em espírito faceto, se denuncie, para que tudo isto se possa resolver à volta de uma lampreia à borgalesa, forma pundonorosa de evitar o recurso à instância judicial.
Cordialmente,

Luís Mourão (ele mesmo, sem tirar nem pôr)