Ponderando
À comunidade casmurra, com um envoi para Luís Mourão,
Puta madre, que história! Se não foi o Manuel Portela, quem terá sido? Nesta história há muita gente a morrer pela boca, e ainda mais gente caladinha que nem rato. Aonde pára o Sr. Rubim? Aonde pára a Sra. Clara? Aonde pára o casalinho? Quem sabe se não está aí a resposta à questão da autoria desta maquinação?...
Diga-se que, do ponto de vista conceptual, tudo isto me parece uma ilustração óbvia daquela máxima de Kierkegaard que o Harold Bloom da ansiedade da influência gosta muito de citar: «Aquele que está disposto a trabalhar dá à luz o seu próprio pai». Há aqui um manifesto caso de ansiedade de influência: alguém, de entre a troupe casmurra, está tomado de inveja das neófitas intervenções do Sr. Mourão e, vai daí, decidiu inventá-lo apocrifamente, inventando assim um pai substituto. E inventando-se assim como filho (deslocado) dele. Um romance familiar típico.
Não estou muito convencido, devo dizer, da verdade da identidade do Sr. Baptista no diálogo em que ele se demarca da voz que responde brutalmente ao Sr. Mourão. Para mim, a verdade do Sr. Baptista está antes na Adivinha inconveniente com que brindou à chegada do Sr. Mourão ao clube. O texto em causa parece-me uma típica denegação que visa libertá-lo do fardo da voz do texto mal-educado. E assim, não vejo razão para libertar o Sr. Baptista da suspeita de que possa ser ele o inventor do Sr. Mourão apócrifo. Para mim, aliás, todo este estratagema só o torna ainda mais o suspeito número um.
E, se assim for, é ele quem deve ser defenestrado, pois nesse caso já é de cinismo que falamos.
Disse.
Pedro Serra
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