07 fevereiro 2006

O regresso das reuniões de condomínio, 2

G — Um blogue?! Eu?!! Deus me livre!
ABB — Ah! ah! Descaiu-se! aí está a sua assinatura!
G — Perdão...?
ABB — É o nome do blogue, a sua assinatura: essa expressão é muito sua.
G — Deus me livre? Acho que é mais sua, e todos os presentes concordarão.
MP — Não adianta disseminar suspeitas. Nada de criar confusão. O seu nome está lá, Groucho.
G — Francamente, Sr. Portela... o que é que isso prova? O senhor bem sabe que qualquer um pode criar um blogue e usar o nome que muito bem entender? Por exemplo o seu... (virando-se para LQ) ou o seu... (virando-se para OMS) ou o seu...
OMS — Porra! É verdade. A coisa é mais grave do que parecia. Mas espere... de qualquer maneira apareceram lá aqueles documentos que só podiam ter saído daqui.
G — Não me parece, podiam ter vindo de muitos lados: essas coisas apanham-se na internet. E se foram daqui, nada prova que fosse eu. Aliás, chegou a altura de me ofender. Eu não tive férias, que os senhores não deixaram. Aturei pilhérias e brincadeiras de mau gosto. Passei aqui meses a fio sozinho, sem que ninguém se lembrasse de cá vir sequer perguntar se precisava de alguma coisa... com que fundamento os senhores põem em causa a minha lealdade?
GR — Mas não se trata de lealdade, Groucho. Diga antes emulação, mimese... Quem sabe lhe deu a vontade... hmm... a vontade de, digamos... de ser um pouco como nós?
G — Tudo se esclarece, enfim. São mesmo estúpidos: pelos modos, ainda não perceberam que são os senhores que já são, não um pouco, mas muito como eu. Mesmo muito...

(Retira-se, deixando-os todos perplexos.)