19 janeiro 2006

Último comércio

Enfim, o comércio, ouvido de uma amiga, a Vilma (cheers!): que em certa ocasião num imenso shopping central (em São Paulo ou no Rio de Janeiro, tanto faz, recordo aumentando poucos pontos ao episódio) um grupo grande de favelados encheu a superfície e comprou e comprou, lotou carrinhos e mais carrinhos, do bom e do melhor; caras as roupas, comidas igualmente custosas, perfumes à farta. A abundância toda nos carrinhos. Mas toda mesmo: não ficou nada no lugar. Horas a fio, sob o tenso olhar atento de empregados e mobilizada já a gerência perante a situação desventrada. Passaram todos os carrinhos, calmos um a um, sem pausa, sem pressa, cada produto registado pelos frenéticos leitores de códigos de barras. Sobreveio um prazer último, o prazer final depois de um dia bem passado no shopping - como, por exemplo, naqueles pic-nics de outros tempos -, um prazer derradeiro de dizerem todos os consumidores, sem excepções: “Não tenho dinheiro para pagar, não posso levar nada não!” Gostosura de comprar mesmo, e que tendo custado balúrdios, não custou um tostão.