13 janeiro 2006

Ainda a chatice dos saudosos de Carrilho

Do meio de um esmagador silêncio, alguém comunica protestando que me expliquei mal ou que me expliquei pouco, não tenho a certeza. Obrigado ao princípio de atendimento personalizado que é timbre do Casmurro, reincido.
O que eu quis dizer foi isto: quando aparece uma petição por causa de uma pessoa chamada António Lagarto ter sido corrida (nem interessa donde) e entre os primeiros signatários da dita petição estão pessoas como Luís Miguel Cintra, Augusto M. Seabra, Luís Lima Barreto, Jorge Silva Melo ou o «crítico» João Carneiro, é preciso andar mesmo com a cabeça na lua para não ver logo do que se trata. Nisto «da cultura» há tudo menos inocência. Esta polémica é, como eles dizem, política, quer dizer, não é artística, nem teatral, nem sequer cultural: é política. E a palavra «política», na circunstância, não vem de polis, antes tem todo o seu sentido reduzido a uma pergunta: vamos lá a saber quem é que manda nisto?
Porque uma pessoa de facto chateia-se quando vê nomes destes a assinar um texto que, no parágrafo não sei quantos, protesta contra o «dirigismo»! Há aqui gente que nunca se cansou de cantar hossanas a Manuel Maria Carrilho, o fundador do dirigismo metódico e sistemático no Ministério da Cultura! Gente que, quando Carrilho foi contestado na rua por evidentes preferências e favorecimentos, não abriu o bico! (Pudera, não...) Santa paciência, este pessoal pode fazer as acusações que quiser, agora quanto ao «dirigismo» é que não se pode levá-los à letra porque já deram provas bastantes e sobrantes de adorar o dirigismo, contanto apenas que o dirigismo dirija na direcção que lhes convém.
Que é como quem diz: quem não os conheça, que os compre. Eu conheço-os de ginjeira e tenho mais onde gastar.