06 dezembro 2005

F

Sigo o corredor. Milhares de livros em estantes que se assemelham a jaulas. Como se os livros fossem animais feridos de um exotismo em que ninguém acredita. Ou talvez sejam feras que merecem adestramento, docilidade, interpretação. Floresta de símbolos! E em rigor assim é. Estaco, debruço-me sobre os animais supostamente adormecidos, e ali está sem que o procurasse, o primeiro em que reparo: o livro de um amigo morto, como se me indicasse "algo" ou tão-só - certamente - o vazio essencial de tudo. E tu, a meu lado, distrais, por instantes, ominosas certezas. Obrigado.