Feriado
— Amanhã, se calhar, escusa de vir, Groucho. É feriado, ninguém deve pôr cá os pés…
— Por ser feriado?! Boa piada.
— Não seja impertinente, Groucho, as pessoas lá têm as suas vidas.
— Decerto, longe de mim julgar quem quer que seja. São vidas, pois, vidas…
— Nem mais. Fique em casa a ver televisão. Amanhã é o dia escolhido pelas televisões para porem na rua os estagiários a perguntar às pessoas, sobretudo às novas, o que aconteceu no 1º de Dezembro para que seja feriado…
— E depois riem-se com o disparate das respostas.
— Isso mesmo. Costuma ver, é?
— Já vi algumas vezes, neste e noutros feriados. Acho deplorável. O mais curioso é suporem eles que a obrigação de conhecer a razão de ser do feriado é, por assim dizer, natural, ou inexorável, inquestionável, em consequência motivo de profunda vergonha em caso de ignorância. Estranho, não lhe parece? em quem trabalha com a língua e não sente nenhuma obrigação de a tratar com correcção e desvelo.
— Correcção e desvelo! Caramba… mas é isso, sim. Devíamos contratar um jornalista mais audaz para entrar nas televisões todas e perguntar a quem encontrasse coisas como «o ano da morte de Rubem Braga», o «ano de nascimento de Sá de Miranda», «o dia em que eu nasci morra ou pereça», e por aí fora. Podia ser que pensassem duas vezes antes de assumirem tranquilamente que certas coisas não se podem ignorar sem vergonha, as coisas nossas, as nacionais, as da pátria...
— Ah, já o vejo mais atinado! Sabe que tem sido esse um dos tópicos debatidos nesta campanha eleitoral…
— A das presidenciais?! A sério? Não fazia ideia…
— Por ser feriado?! Boa piada.
— Não seja impertinente, Groucho, as pessoas lá têm as suas vidas.
— Decerto, longe de mim julgar quem quer que seja. São vidas, pois, vidas…
— Nem mais. Fique em casa a ver televisão. Amanhã é o dia escolhido pelas televisões para porem na rua os estagiários a perguntar às pessoas, sobretudo às novas, o que aconteceu no 1º de Dezembro para que seja feriado…
— E depois riem-se com o disparate das respostas.
— Isso mesmo. Costuma ver, é?
— Já vi algumas vezes, neste e noutros feriados. Acho deplorável. O mais curioso é suporem eles que a obrigação de conhecer a razão de ser do feriado é, por assim dizer, natural, ou inexorável, inquestionável, em consequência motivo de profunda vergonha em caso de ignorância. Estranho, não lhe parece? em quem trabalha com a língua e não sente nenhuma obrigação de a tratar com correcção e desvelo.
— Correcção e desvelo! Caramba… mas é isso, sim. Devíamos contratar um jornalista mais audaz para entrar nas televisões todas e perguntar a quem encontrasse coisas como «o ano da morte de Rubem Braga», o «ano de nascimento de Sá de Miranda», «o dia em que eu nasci morra ou pereça», e por aí fora. Podia ser que pensassem duas vezes antes de assumirem tranquilamente que certas coisas não se podem ignorar sem vergonha, as coisas nossas, as nacionais, as da pátria...
— Ah, já o vejo mais atinado! Sabe que tem sido esse um dos tópicos debatidos nesta campanha eleitoral…
— A das presidenciais?! A sério? Não fazia ideia…
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