15 novembro 2005

A errata irritante (II)

― Bem o quê?! O Groucho acha bem que se considere errado destacar uma pessoa acima das outras, avaliar uma profissional como a melhor do seu ramo, dizer espontaneamente quem nos impressiona mais pela qualidade do seu trabalho? E que o erro está na injustiça que se faz a quem não merece o mesmo destaque, a mesma avaliação ou a mesma admiração? Isto faz algum sentido?
― Mas…
― É que nem mas nem meio mas! Dá vontade de mandar dizer ao Sr. Prado Coelho que, ao contrário do que ele julga, a Duras não é a melhor escritora francesa, a Lispector não é a melhor escritora brasileira, o Rui Nunes não tem ponta por onde se pegue, o Manoel de Oliveira é um cineasta medíocre, a Llansol nunca foi o génio que ele andou para aí a apregoar, o Cintra é um canastrão e, enfim, que o erro está na mania que ele tem de se enganar a torto e a direito sempre que se julga no direito de vir dizer ao povo quem é que o povo deve admirar! E que o erro não se corrige com aquela distribuição de excelências urbi et orbi como se fosse o Presidente a dar comendas no 10 de Junho! Então a Joana Gorjão Henriques e a Rita Ferro Rodrigues passam a ser excelentes só porque o Sr. Prado Coelho vem agora garantir que o são? Valha-nos Deus!
― Tanta exclamação, Sr. Rubim! Acalme-se. Eu acho que não percebeu o que está dito no post-scriptum, sabe?
― Não percebi?!