01 novembro 2005

«Dicionário de Soundbytes», por Groucho

Imperialismo: 1. É hoje americano, por definição, embora há 500 anos tivesse sido episodicamente português. 2. Já consistiu em «expandir a Fé e o Império», quando era movido por razões nobres (as nossas). 3. Hoje só o petróleo o move, o que mostra bem a decadência da ideia imperial. 4. Na verdade, o americano é uma treta, pois precisam de ter a tropa toda no Iraque e ainda assim morrem lá como tordos. Nada que se compare com Roma ou com o braço longo e frígido da Rainha Vitória. 5. O que lhe vale é que Hollywood trata de ganhar a posteriori todas as batalhas, sobretudo as perdidas ingloriamente. 6. A Microsoft também dá um jeito, impondo-nos a sua janela para o mundo.

Impérios: 1. Houve o de Alexandre, o de Roma, o de Carlos Magno, o da Rainha Vitória, o de Hitler (que durou menos de mil anos), o de Estaline (que durou quase mil anos), e, enfim, o americano. 2. Os chineses, ao que parece, também tiveram um até há 500 anos (até nós chegarmos…), mas isso fica lá longe e não nos diz respeito. 3. O espanhol acabou no final do século XIX, sem honra nem glória, ao contrário do nosso. 4. O nosso era remediadinho mas honesto e, por mérito da gestão poupadinha de Salazar, bem como da nossa capacidade congénita para nos misturarmos com as raças inferiores, durou para lá da extinção de todos os outros. 5. Fernando Pessoa, na esteira do Padre Vieira, propôs uma versão nova do império ultramarino – o 5º Império – que poderia dispensar colónias e viveria apenas da língua, cultura, poesia e gramática, mas os economistas, a começar por João César das Neves, acham a coisa inviável pois não há impérios grátis e, quer os livros de poesia quer os de gramática (para já não falar dos dicionários), custam dinheiro e têm um retorno lento.