«Dicionário de Soundbytes», por Groucho
Incêndios: 1. Surgem, e surdem alegremente, no Verão, por todas as florestas do país. 2. A estação é também propícia a que sejam ateados na cama. 3. Os bombeiros vêem-se gregos para apagar os primeiros. Quanto aos segundos, não há nada a fazer: é deixar arder. 4. Citar Sá de Miranda, para qualquer das ocorrências: «Que farei quando tudo arde?»
Inconsciente: 1. Como Popper demonstrou, não há provas de que exista (por outro lado, basta ler João Carlos Espada para depararmos com abundantes manifestações da sua existência). 2. Jung dizia que havia um «inconsciente colectivo», o que é uma boa descrição do povo português. 3. Lacan descrevia a admissão da sua existência como uma «imputação caritativa» que fazemos ao Outro, o que é provavelmente a única forma de aceitarmos a existência dos últimos 4 ou 5 primeiros-ministros de Portugal.
Independente, O: 1. A Bíblia da deontologia jornalística portuguesa, desde a sua fundação pelo dream team Portas-Esteves Cardoso. 2. Inês Serra Lopes tem-se esforçado por estar à altura do legado.
Independentes: 1. Há muitos, na política portuguesa, das autarquias ao governo. 2. São uma garantia de qualidade, em relação ao pessoal partidário, mas também só aceitam cargos com certas garantias, sobretudo em matéria de reformas. 3. Uma contradição nos termos, já que não se vê como pode um político ser independente em relação ao programa partidário ou de governo. 4. Por outro lado, talvez ganhe em ser visto apenas como um termo sem qualquer correspondência empírica. Daí a sua independência em relação ao real.
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