Provas
― Mas a menina Clara nunca mais respondeu ao seu postal?
― Não, nunca.
― Que estranho…
― Não penso nisso.
― Pois, deve ter mais com que se preocupar, acredito.
― Tenho feito descobertas de grande importância.
― Descobertas? Como assim?
― Descobri por exemplo que, ao contrário da tese corrente, a crítica literária continua pujante.
― A crítica? Pujante?
― É verdade.
― Isso precisa de muita argumentação…
― Não precisa. Tenho provas.
― Provas?
― Sim, provas.
― Mas que tipo de provas?
― Provas que provam, sem margem para contestação.
― É lá possível! Mas provam como?
― Cabalmente.
― Tem a certeza disso?
― Absoluta.
― Descobriu alguém que tem uma obra crítica inédita, não?
― Não. Estou a falar de crítica publicada.
― Alguma dessas revistecas académicas que ninguém lê, com certeza…
― Pelo contrário. Bastante acessível.
― Acessível? E por consequência simplista…
― Digo que é competente e minuciosa.
― Tal e qual como a crítica deve ser?
― Rigorosamente.
― Mas branda, aposto.
― Quase destrutiva.
― Mas com os fracos, não?
― Com os que andam por aí mais ou menos impunes e até, pasme, com os poderosos.
― Enquanto não me mostrar isso, mantenho a reserva.
― Mas é que não tenho feito outra coisa!
― Não, nunca.
― Que estranho…
― Não penso nisso.
― Pois, deve ter mais com que se preocupar, acredito.
― Tenho feito descobertas de grande importância.
― Descobertas? Como assim?
― Descobri por exemplo que, ao contrário da tese corrente, a crítica literária continua pujante.
― A crítica? Pujante?
― É verdade.
― Isso precisa de muita argumentação…
― Não precisa. Tenho provas.
― Provas?
― Sim, provas.
― Mas que tipo de provas?
― Provas que provam, sem margem para contestação.
― É lá possível! Mas provam como?
― Cabalmente.
― Tem a certeza disso?
― Absoluta.
― Descobriu alguém que tem uma obra crítica inédita, não?
― Não. Estou a falar de crítica publicada.
― Alguma dessas revistecas académicas que ninguém lê, com certeza…
― Pelo contrário. Bastante acessível.
― Acessível? E por consequência simplista…
― Digo que é competente e minuciosa.
― Tal e qual como a crítica deve ser?
― Rigorosamente.
― Mas branda, aposto.
― Quase destrutiva.
― Mas com os fracos, não?
― Com os que andam por aí mais ou menos impunes e até, pasme, com os poderosos.
― Enquanto não me mostrar isso, mantenho a reserva.
― Mas é que não tenho feito outra coisa!
<< Home