Outros problemas...
— Acabo de ver o primeiro episódio, e ou o senhor está a ficar estúpido ou me enganou deliberadamente.
— Estou a ficar estúpido, claro. Não engano ninguém deliberadamente, Groucho. Ofende-me que sequer adiante essa hipótese.
— Então explique-me por que raio me disse que o ranho na mão era o único problema moral no primeiro episódio, quando há outro, bem mais evidente, mais óbvio, diria até gritante…
— Gritar é que não, por favor. Qual é?
— O presente do décimo aniversário de casamento. Lembra-se? a mulher do Larry David tinha prometido, dez anos antes, que ele poderia ter relações sexuais com outra mulher, uma única vez, como prenda do décimo aniversário.
— Ora, Groucho, e isso é um problema moral? O problema do ranho é um problema moral: aperto-lhe a mão, respondo ao gesto de cortesia do outro e fico sujo, ou escolho ficar limpo, mas para isso tenho que repudiar a cortesia? O presente de aniversário não tem conflito, nem especial necessidade de decisão, é presente, justamente… dádiva, coisa autorizada… só fica por determinar se ele consegue. Quando muito, um problema narrativo, que aliás se mantém pelos dez episódios, espécie de fio condutor: será que o Larry David consegue o presente?
— E aquilo do Mel Brooks, já agora? Que ideia a dele, convidar o Larry David para representar o protagonista na nova montagem dos Producers…
— Isso é outro fio condutor, mas retroactivo, acho: convidar um desastre ambulante, um tipo que estraga tudo em que toca, que não sabe cantar nem representar, para o papel principal dum musical?! Mesmo sendo Mel Brooks quem convida, o certo é que o convidado é… Larry David! Mas veja o resto, veja até ao fim, tudo, os dez episódios.
— Então, com sua licença.
— Estou a ficar estúpido, claro. Não engano ninguém deliberadamente, Groucho. Ofende-me que sequer adiante essa hipótese.
— Então explique-me por que raio me disse que o ranho na mão era o único problema moral no primeiro episódio, quando há outro, bem mais evidente, mais óbvio, diria até gritante…
— Gritar é que não, por favor. Qual é?
— O presente do décimo aniversário de casamento. Lembra-se? a mulher do Larry David tinha prometido, dez anos antes, que ele poderia ter relações sexuais com outra mulher, uma única vez, como prenda do décimo aniversário.
— Ora, Groucho, e isso é um problema moral? O problema do ranho é um problema moral: aperto-lhe a mão, respondo ao gesto de cortesia do outro e fico sujo, ou escolho ficar limpo, mas para isso tenho que repudiar a cortesia? O presente de aniversário não tem conflito, nem especial necessidade de decisão, é presente, justamente… dádiva, coisa autorizada… só fica por determinar se ele consegue. Quando muito, um problema narrativo, que aliás se mantém pelos dez episódios, espécie de fio condutor: será que o Larry David consegue o presente?
— E aquilo do Mel Brooks, já agora? Que ideia a dele, convidar o Larry David para representar o protagonista na nova montagem dos Producers…
— Isso é outro fio condutor, mas retroactivo, acho: convidar um desastre ambulante, um tipo que estraga tudo em que toca, que não sabe cantar nem representar, para o papel principal dum musical?! Mesmo sendo Mel Brooks quem convida, o certo é que o convidado é… Larry David! Mas veja o resto, veja até ao fim, tudo, os dez episódios.
— Então, com sua licença.
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