Pseudónimos, 1
— Bons olhos o vejam, meu caro senhor. Por onde tem andado? E ainda dizem que não vai de férias …
— Férias? É um conceito estranho, sabe, Groucho? Não sei porquê, mas parece que há por aí alguma entidade manipuladora à espera desta altura do ano para me carregar de trabalho inútil…
— Que redundância, que redundância… não é inútil todo o trabalho?
— Carago, Groucho, ideias novas, é? O que é que andou por aqui a fazer estas semanas? Agora deu-lhe para ser contra o trabalho? Ou está abespinhado com as férias que não teve? Pode ser que ainda venha a ter, quem sabe…
— Abespinhar-me com o que não tive parece contra-senso, mas enfim. Isso de férias é cá comigo. Venho incomodá-lo por causa do que acabei de ler ali na parede, mais um papelucho de afixação recente, e grandito…
— A crónica do Rubem Braga? Não a achou deliciosa?
— Não provei… desculpe a graçola, não quero ser impertinente. Nem sequer percebi, já agora. Isso mesmo me faz importuná-lo…
— Essa agora! o que tem para perceber?!
— Tudo! Ou melhor, percebo, é óbvio, o que se passou, o homem tinha que entregar uma crónica, não tinha assunto, copiou a de outro, continuou a copiar, e por aí fora… por que raio é isso o crime perfeito?
— Plágio é crime, Groucho.
— Eu sei que é crime, isso entendo. Mas porquê perfeito?
— Ora, porque ninguém descobriu, porque várias pessoas ficaram felizes e sobretudo, e acho que é o essencial, o próprio criminoso acabou por confessá-lo, tornando-o assim perfeito — porque conhecido. Além de que a ideia foi engenhosa.
— Engenhosa? a ideia de copiar?! vulgaríssima, acho eu.
— Não, a ideia de publicar as crónicas do Drummond com o mesmo pseudónimo com que ele as assinava, António João.
— O mesmo?! Como assim? Não reparei nisso…
— Vá ver, que encontra… ele diz lá precisamente: «copiei a crónica rapidamente e lasquei o mesmo pseudónimo»…
— Ah, e lasquei… é o quê? Acho que foi isso que me escapou…
— Lasquei? Pus, pespeguei, botei, apliquei…
— Hmm… há nisso aí alguma coisa intrigante. Volto já.
— Férias? É um conceito estranho, sabe, Groucho? Não sei porquê, mas parece que há por aí alguma entidade manipuladora à espera desta altura do ano para me carregar de trabalho inútil…
— Que redundância, que redundância… não é inútil todo o trabalho?
— Carago, Groucho, ideias novas, é? O que é que andou por aqui a fazer estas semanas? Agora deu-lhe para ser contra o trabalho? Ou está abespinhado com as férias que não teve? Pode ser que ainda venha a ter, quem sabe…
— Abespinhar-me com o que não tive parece contra-senso, mas enfim. Isso de férias é cá comigo. Venho incomodá-lo por causa do que acabei de ler ali na parede, mais um papelucho de afixação recente, e grandito…
— A crónica do Rubem Braga? Não a achou deliciosa?
— Não provei… desculpe a graçola, não quero ser impertinente. Nem sequer percebi, já agora. Isso mesmo me faz importuná-lo…
— Essa agora! o que tem para perceber?!
— Tudo! Ou melhor, percebo, é óbvio, o que se passou, o homem tinha que entregar uma crónica, não tinha assunto, copiou a de outro, continuou a copiar, e por aí fora… por que raio é isso o crime perfeito?
— Plágio é crime, Groucho.
— Eu sei que é crime, isso entendo. Mas porquê perfeito?
— Ora, porque ninguém descobriu, porque várias pessoas ficaram felizes e sobretudo, e acho que é o essencial, o próprio criminoso acabou por confessá-lo, tornando-o assim perfeito — porque conhecido. Além de que a ideia foi engenhosa.
— Engenhosa? a ideia de copiar?! vulgaríssima, acho eu.
— Não, a ideia de publicar as crónicas do Drummond com o mesmo pseudónimo com que ele as assinava, António João.
— O mesmo?! Como assim? Não reparei nisso…
— Vá ver, que encontra… ele diz lá precisamente: «copiei a crónica rapidamente e lasquei o mesmo pseudónimo»…
— Ah, e lasquei… é o quê? Acho que foi isso que me escapou…
— Lasquei? Pus, pespeguei, botei, apliquei…
— Hmm… há nisso aí alguma coisa intrigante. Volto já.
<< Home