«Dicionário de Soundbytes», por Groucho
Europa: 1. Está decadente, mas ainda é um destino turístico muito procurado. 2. Sabe-se que começa no Cabo da Roca mas não se sabe se termina antes ou depois da Turquia. 3. Já foi branca, cristã e «ocidental», mas agora tende ao multirracial e multicultural e ao secular, e os seus poucos intelectuais remanescentes, desde pelo menos Sartre e Lévi-Strauss, mais os imãs nas mesquitas, encarniçam-se todos num anti-ocidentalismo primário (sobre o assunto cf. Pacheco Pereira). 4. Foi o berço do secularismo mas, por este andar, por acção concertada de George W. Bush e dos restantes fundamentalistas religiosos, qualquer dia é o último bastião dele no mundo.
Euro 2004: 1. Demonstrou que somos ainda uma grande nação, capaz de dar novos estádios ao mundo. 2. Nem Ricardo nem Scolari (v.) tiveram culpa, pois quando se perde para uma grande equipa não há nada a dizer. 3. «Cá pra mim, o Scolari tinha uma percentagem na venda de bandeiras nacionais!» 4. Ainda lá vamos, talvez já no Mundial!
Eusébio: 1. Controverso paradigma da condição pós-colonial: moçambicano reivindicado (e expropriado a Moçambique) por Portugal, pervivência nostálgica do ambivalente Portugal «multirracial» e «multicontinental» de Salazar (v.), símbolo negro de um país de brancos. 2. «Aquilo é que era um coice!» 3. Continua a fazer muita falta ao Benfica.
Eutanásia: 1. Mais uma lamentável manifestação da «cultura de morte» difundida pelo relativismo (v.) moral triunfante. 2. É difícil dizer o que é mais de lamentar, se o aborto se a eutanásia. 3. Consiste em «desligar a máquina». 4. Trata-se de uma metáfora eufemística e caritativa, bem entendido. 5. Tem tudo a ver com qualidade de vida. Espanta é que haja quem não o perceba.
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