15 julho 2005

A vasectomia e o estado (I)

Chamo-me Jaume Escobar e fiz uma vasectomia faz agora cinco anos. Venho pedir justiça, quero que se faça justiça, sou credor do Estado, uma vítima do sistema público de saúde. Tenho nada menos que quatro mulheres à perna, cada uma com seu respectivo filho a chamar-me pai. Venho pedir justiça, quero que se faça justiça! A Edurne de cabeça barbeada, a da festa de Benidorm. A Soraya que penteia o sovaco, a que conheci nas Ramblas. A Covadonga com buço ocidental, a daquela noite em Palma de Maiorca. A Paloma dos pequenos-almoços sur l’herbe. Peço justiça, faça-se justiça, a Medicina prometeu-me o benefício da vasectomia. Estas paternidades são erro do Estado, aqueles filhos são também património estatal. Cento e cinquenta mil euros por rebento. Peço uma justiça de seiscentos mil euros. Faça-se justiça por seiscentos mil euros.