22 julho 2005

Reunião de condomínio (carácter de urgência)


MP — Bom, meus senhores, parece que temos o caso resolvido. Venho aqui com uma ideia inglesa mesmo catita. Vocês não saem daqui, é o que dá: viajar, meus caros, viajar é a solução. Aprende-se muito.
GR — Adiante, adiante, não somos curiosos nem nos entusiasmamos com facilidade. Basta de atrair a benevolência: há uma proposta? venha ela!
MP — Ok, ok. Já vai. Era importante sublinhar que aprendi isto em Inglaterra, por mim nunca lá chegaria. Eis a proposta, a definitiva: eliminar provas de acesso.
OMS — Essa agora! tanta coisa para isso? Vai contra tudo o que decidimos!
MP — Não, meu caro, não vai. Decidimos que haveria selecção, não ficou propriamente determinado que se faria através de provas. Não estão fartos de fazer exames? Pois então…
FMO — Só isso? Eliminar as provas? Tenho a impressão de que há mais alguma coisa nessa ideia inglesa…
MP — Claro, claro que há. Fazíamos assim: uma primeira selecção, com base curricular; os candidatos apresentam o respectivo curriculum, nós escolhemos dois ou três, máximo quatro.
ABB — Isso é muito, caraças. Não tinha ficado acordado que não entravam mais do que dois membros novos por ano?
MP — Calma! deixe-me acabar. Esses três ou quatro — se houver tantos, não é forçoso, pode ser um, ou dois…
FMO — Ou nenhum, como sempre insisti.
MP — … pois, ficavam cá a fazer um estágio de seis meses orientados por um de nós. Seria o único ponto em que poderiam escolher, o orientador. Ao fim desses seis meses, faziam então uma prova final, com vista ao vínculo definitivo.
PS — E até lá definimos a prova, é isso? Eu apoio.
LQ — Não me parece bem. Aceitamos estagiários com vista a uma prova que eles não sabem qual será…? Nem ninguém sabe… Não é curial, não é ético…
MP — Mas é prático.
OMS — Muito prático.
ABB — Extremamente prático.
GR — Prático p’ra cacete.
MP — Vamos pedir currículos?
FMO — Currículos ou curricula?