O calembourista detective*
in medias res
— Que andas aqui a fazer a esta hora?
— Pouco barulho, vai andando. Estou a seguir um exemplo.
epílogo
— Então, tem novidades para mim?
— Tenho algumas, sim. Fiz o que me pediu e tenho algumas…
— E então, é certo? Conseguiu descobrir?
— Consegui, sim. O seu exemplo não é um exemplo a seguir…
— Eu sabia! sacana! traidor! apanhou-o?
— Sim, apanhei, e tenho provas: o seu exemplo é de facto um contra-exemplo.
— Sacana! sem vergonha! bandido! e o que eu me dediquei, o que fiz para que esta argumentação desse certo!
— É mais frequente do que pensa, se lhe serve de consolo. Na minha profissão aprendi a desconfiar de todos os exemplos. Mas é sempre triste. Muito triste.
*De Caderninhos de Retórica do Groucho, fl. 75b.
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