24 junho 2005

Segredos

O tom era apoquentado:
— Já não sei o que hei-de dizer, senhor.
— Dizer de quê, Groucho?
— Do martelinho, senhor, do martelinho. Alguém ouviu aquela nossa conversa de há pouco, e agora todos os cavalheiros me perguntam pelo segredo do martelinho.
— Por acaso, a mim ninguém me perguntou nada. Mas, olhe, diga-lhes que é um segredo derridiano.
— E o que vem a ser isso, senhor?
— Simples, um segredo inviolável por força da evidência do segredo do segredo: tanto pode existir como apenas sugerir que existe não existindo, um segredo criado pelo desejo de decifração, pela metafísica da profundidade, pela recusa da superfície sem bolsa em que alguma coisa se esconda, etc. Entretanto, precaução suplementar, veja-se livre do martelinho.
— Já cá não está, senhor, fique descansado.