22 junho 2005

O professor de ética

Durante a [Primeira] guerra, W. tinha-se correspondido com Russell e tinha-lhe pedido que saudasse Whitehead por ele. Mas Russell nunca disse uma palavra a Whitehead. Após a guerra, Russell tinha explicado que não pudera mencionar W. junto de Whitehead porque W. era teutão, falava alemão, etc. A guerra estragou tanta gente. Em seguida, falou de um outro incidente que teve lugar em Cambridge após a guerra. Havia em Cambridge um estudante húngaro que foi reenviado para casa quando a guerra eclodiu. Foi morto, enquanto soldado húngaro. No fim da guerra, decidiu-se que se devia erigir, e afixar na parede, uma placa com o nome de todos aqueles que tinham morrido pelo seu país. O nome desse homem estava também na lista. Houve uma reunião para tratar do assunto. E quem é que protestou contra a presença desse nome na lista? O professor de ética! Por isso, há agora em Cambridge, na capela do Christ College, uma placa com o nome desse estudante húngaro, sozinho, isolado de todos os outros. Até na morte!

Oets Kolk Bouwsma, Conversations with Wittgenstein (1949-1951)