12 junho 2005

Máximas estudantis

- Nunca deu aulas, Groucho?
- Infelizmente, tal ensejo nunca se me proporcionou, Sr. É uma das minhas mais penosas lacunas. Logo eu, leitor de Aristóteles e admirador do método peripatético.
- Pois olhe, no que me toca este foi o ano em que passei a usar o e-learning como apoio às aulas. Dito assim, parece uma grande novidade, o que não é de todo. Mas enfim, sou português e de Coimbra, acompanho o motor do mundo como posso.
- O e-learning, se me permite um juízo interessado, pode ser um notável apoio ao ensino. No último curso de reciclagem para mordomos, dado pela B.S.E. de Londres, nem tive de ir lá: tinha apenas de dedicar um certo número de horas ao computador, ligado à net, todos os dias.
- Pois os meus alunos, por enquanto, ainda têm de ir às aulas. Até porque o programa que a minha universidade me facultou para esse efeito, sobre ser muito pouco user friendly, manifesta uma irritante tendência para bloquear. Embora, verdade seja dita, pelo número de alunos que vão às aulas a gente fique a pensar que afinal os estudantes universitários portugueses praticam intensivamente, e há muito, o e-learning… Em todo o caso, não era disso que lhe queria falar. Como sabe, os estudantes atravessam neste momento o seu período de nojo: desaparecem de vista, recolhem-se dias e noites a fio (para desespero dos donos dos bares e discotecas) em redor dos «apontamentos», das fotocópias e dos manuais, preparam cábulas e estudam com minúcia o calendário das inesgotáveis épocas de recurso. Mas olhe, o desespero do estudo amontoado até à última também pode dar os seus frutos. Se não, repare nesta máxima que umas alunas minhas me enviaram por e-mail há dias, já noite dentro e depois de, ao que me disseram, muito suarem as estopinhas a traduzir Horácio e Homi Bhabha (não sei qual custará mais): "A vida é uma doença sexualmente transmissível e invariavelmente fatal!" Que me diz a isto?
- Que o Sr. tem alunas muito criativas. E pós-iluministas.
- Eu não o diria melhor, Groucho.