16 junho 2005

Monomania verde

Um dia, em casa de um colega comum, tive a oportunidade de contactar com um casal vegetariano. Ela, na verdade, era vegetariana por amor. Ele é que era arqui-vegetariano, militava na salada. Contudo, quem fazia a defesa nervosa das bondades da comida vegetal era ela, sob olhar militante dele. Eu sou carnívoro, por influência de um tio que não comia salada porque dizia que o verde é para os grilos – não o sendo ele, obviamente. Travei-me de razões com a rapariga, tentei demovê-la daquela monomania verde, até porque me pareceu que, sendo nervosa a defesa que fazia da causa, a dita defesa era um apelo a ser demovida. Soltei-lhe, então, entre dentes, e no vigor dos argumentos já exaustos: “Se queres salvar uma vaca, come um vegetariano”. O que se seguiu acabou nos jornais: ela comeu-o a ele, com toda a consequência e num acto todo ele amoroso.