Fábulas do Groucho (para quem sofre de alegoríase)
Plácido à sombra de uma árvore copada vislumbra próximo ao céu um rosto movendo-se entre a ramagem e o identifica chamando-o pelo nome: DEUS! – Em vão. Não é. É o de um ATEU, botânico de voo, espantado com tão mau fisionomista. O que de imediato declara alto e em bom tom para Plácido que se acha embaixo e finge não ter ouvidos. Pois Plácido, ao ver empoleirado no mais alto galho quem lhe acena e faz estranhas macaquices, teima que por puro espírito de humor celeste Deus finja crer na evolução; e ainda com o mesmo espírito se disfarce – executando santas circunvoluções de galho em galho – em um exemplo vivo das maquinações de Darwin!
Zulmira Ribeiro Tavares, «Plácido, o mau fisionomista, in O Mandril
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