Eu...
- Justamente premiado, o último romance de Vasco Graça Moura. Mas pareceu-me curto, o prémio da APE.
- Eu…
- Para aquele homem, tudo o que for abaixo do Camões é curto.
- Eu…
- Idem para o Mário Cláudio e o Prémio Pessoa.
- Eu…
- Não se percebe é como a Agustina ainda não ganhou o Nobel. Inadmissível!
- Eu…
- E também já é mais que tempo de o Manuel Alegre ganhar o Camões.
- Eu…
- Idem para o Herberto, se bem que ele tenha aquela mania de não gostar de dinheiro.
- Eu…
- Depois do Manuel Alegre, terá de ser o Joaquim Manuel Magalhães a ganhar o Camões, que me desculpe o Gastão Cruz!
- Eu…
- E o Lobo Antunes, até quando terá de expiar o facto de um outro português ter ganho há pouco o Nobel?
- Eu…
- Uma literatura destas e só um Nobel?!
- Eu…
- E há o Peixoto, o Tavares, a Ivo Cruz, a Pedrosa, o Tolentino Mendonça! A substituição geracional está mais do que assegurada.
- Eu…
- Venham-me cá com Espanha ou França ou Alemanha… Um naipe destes não está ao alcance dessa gente.
- Eu…
- E isto não é patriotismo futeboleiro. Até o Fernando Dacosta defendia coisa semelhante há tempos, num debate na TV. Temos é de nos deixar de complexos de inferioridade.
- Eu…
- Que eu até acho que o Zimmler já devia ser considerado português. Lá que escreva em inglês é o menos. Fomos nós que o lançámos, é cá que vive, é o nosso universo que ele explora. E sempre era mais um grande.
- Eu…
- Que os países afirmam-se é pela vida do espírito, não por futebóis ou comércios medíocres!
- Eu…
- Precisávamos era da Zita Seabra a dirigir as operações de internacionalização. A mulher já mostrou que sabe da poda, em matéria de livro. Agressividade promocional é do que precisamos. Não acha?
- Eu…
- Nem mais! Vejo que o meu amigo continua clarividente.
- Eu…
- E nada de contaminações pelo poder! A literatura, como a arte verdadeira, é sempre um antipoder! Uma celebração da radicalidade insituável do Outro. Do poder, só o indispensável apoio à internacionalização.
- Eu…
- O poder, essa lepra!, como dizia o Eugénio.
- Eu…
- Direi mesmo mais: uma lepra! Distância, meu caro, distância dos serventuários da hora.
- Eu…
- By the way, sabe que fui convidado para comissariar o próximo Salon du Livre?
- Eu…
- Obrigado, meu caro. Sabia que podia contar com as suas felicitações. Temos uma ministra muito lúcida, sabe? Além de culta, para variar.
- Eu…
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