08 março 2006

Groucho in Wonderland

































- Elvis?
- Sim?
- Está ali um outro.
- Mais um?
- Sim, mais um. Também enviado pelo Greil Marcus.
- Mas já não mandaste dizer a esse gajo que a casa está cheia que nem um ovo?
- O que queres?!... Esse tipo acha-se o dono da tua vida, sobretudo a post mortem.
- E quem é este? E donde vem?
- Um Groucho. Vem da Lusolândia.
- Tocam por lá guitarra, se não me engano…
- Sim, mas não é eléctrica. E não dizem tocar mas tanger.
- E dá pra dançar, com essa guitarra tangida?
- É mais pra chorar.
- E porque vem ele para aqui? Não podia ficar por lá, numa das nossas filiais? O palácio do Variações, sei lá.
- Acho que é tipo um tanto preconceituoso para Variações. E parece que quer sair de lá, sem falta, até à meia-noite de hoje.
- A noite dos mortos-vivos, é?
- Meia década disso, parece, contando a partir da meia-noite. O Georges Romero já lá está, em rodagem contínua.
- Coitado, também é demais. Não menoscabemos o homem. Trá-lo cá então. E põe aí a vitrola a tocar. Sempre quero ver se o gajo sabe dar às ancas.
- OK, é pra já.
- Espera! Esquecia-me! Traz os burgers e os donuts. E coke. E duas linhas. E o meu fato preto com lantejoulas. Esse lusitano exilado vai ver o que é mesmo viver em Wonderland… Vamos-lhe cortar as saudades pela raiz.
- Dizem que é impossível, com aquela malta. Só dando-lhes bacalhau cozido com couves a toda a hora.
- Também diziam impossível a eleição do nosso George para a presidência, não te esqueças… Põe lá a música e traz o gajo.