Cadáver no Lima
Apareceu a boiar no Lima o cadáver de um homem que viria a ser identificado como João Maria da Purificação Silva, 65 anos, natural de Celorico de Basto e tudo indica que sem residência fixa. Não apresentava sinais de violência, e o rosto exprimia uma inusitada placidez para um morto por afogamento. Na altura da descoberta do cadáver, não se chegou a averiguar com certeza quem, de entre os curiosos espalhados pela margem do rio, terá exclamado: “Groucho?!” Alguns dos presentes apontaram um professor de Viana, mas este negou veementemente conhecer o morto. Só não explicou o que andava por ali a fazer, causando assim estranheza, visto não ser pescador nem poeta.
A Polícia Judiciária não sabe se a morte se deveu a acidente, a suicídio ou mesmo a homicídio. Esta última possibilidade emergiu depois de ter sido descoberta e despegada das costas do casaco do morto uma página manuscrita ali presa com um alfinete de ama. Ei-la:
“Esta aventura acaba aqui. Começámos muitos, depois ficámos mais, depois ficámos menos, voltámos a ser mais. Fizemos o que pudemos, e agora estamos prontos para coisa nenhuma. De qualquer modo, continuamos por aqui. Atentos, atentíssimos. Mas a blogosfera estará segura enquanto a Inês Pedrosa e a Clara Ferreira Alves estiverem fora dela. Parto confiante e descansado.”
A PJ está convencida de que João Maria da Purificação Silva, que se averiguou ter pouca instrução, não pode ter escrito isto.
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