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Viana do Castelo, 08 Mar (Lusa) – Adensam-se as trevas sobre o crime do bairro operário em Viana do Castelo. A PJ nada deixou transpirar, o que, de acordo com alguns analistas criminais, poderá apontar para uma foreign connection. Há quem refira o mundo da droga e há também quem aponte o dedo à máfia russa do submundo do alterne e da prostituição. Mas a pista mais forte parece ser a do terrorismo islâmico, ou do contra-terrorismo israelita.
Uma fonte muito bem colocada acaba porém de nos revelar que as investigações, inicialmente orientadas para questões de «política internacional» em versão de «balística», sofreram uma guinada de 180º após a descoberta, no depósito de bagagens da Rodoviária de Viana, de uma arca, de média dimensão, pertencente ao enigmático e fugaz habitante do 3º andar do bairro operário. A arca, de confecção sólida, em madeira de castanho, com incrustações de cabedal nos cantos, apresentou-se repleta de… papéis. Papéis escritos e, ressalve-se, manuscritos, ordenados em pacotes mais ou menos volumosos, todos eles com um nome escrito. Assim, mais de metade dos pacotes ostentam uma abreviatura «Gr.». Nestes, ao que apurámos, foi possível detectar o que parecem ser obras do tal «Gr.»: uns Caderninhos de Retórica, assaz incompreensíveis (a PJ suspeita que se trate de um código usado por uma célula terrorista), um estranho Dicionário, que em nada ajuda a entender os significados dos termos dicionarizados, um ainda mais incompreensível romance de aeroporto, com ilustrações, tudo obras cifradas, seguramente; e ainda, em laudas e laudas, conversas do dito «Gr.» com outras pessoas, todas elas denotando «o vício do circunlóquio e do brilhantismo pseudo-intelectual» (palavras do comissário Fagundes, da PJ). Além desses pacotes, encontra-se na arca um número razoável de pacotes, e nalguns casos envelopes, atribuídos aos nomes que, de acordo com a fidedigna informação da nossa fonte, passamos a elencar alfabeticamente: Antunes, Baptista, Mourão, Oliveira, Portela, Quintais, Rubim, Serra, Silvestre.
A PJ está a trabalhar com várias hipóteses a respeito deste conjunto de nomes, mas, entre os mais idosos membros da corporação, há quem lembre, não sem saudade, o Projecto Global encriptado nos caderninhos de Otelo Saraiva de Carvalho. A natureza cifrada dos textos não tem ajudado, ao que parece, a investigação. O mais surpreendente, mas também mais promissor, até ao momento, foi a descoberta de um texto, no pacote nº 1 de «Gr.», de uma «Carta a EPC sobre a génese dos casmurros».
Bem mais enigmática, porém, foi a descoberta, na mesinha de cabeceira do episódico habitante do bairro operário, de uma folha ostentando a seguinte frase em inglês: «Beware the Idles of March!», seguida, no verso, de uma outra frase no mesmo idioma: «I know not what tomorrow will bring».
Seja como for, de acordo com a nossa fonte a PJ está convencida de que muito em breve conseguirá deitar a mão a todo o bando terrorista.
OMS
Lusa/Fim
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