PENis Clube

Estive a ler a lista dos premiados do PEN Clube deste ano. Tudo emparelhado ex aequo, o que aliás não é caso virgem por lá. Vê-se que os membros dos júris do PEN são leitores empenhados de Ronald Dworkin e crentes ainda na virtude política da Igualdade (o que não deixa de ter os seus méritos em tempos tão desenfreadamente liberais). Daí, sem dúvida, o alto preço em que têm a repartição equitativa das recompensas.
Não percebo contudo o chinfrim em torno da suposta paridade que a lista de premiados evidenciaria. Paridade o tanas! Pois a verdade é que mais uma vez os homens triunfam em toda a linha, por 4-2 neste caso. E, claro, o Ensaio continua a ser coutada da Razão do Macho, pois aí as mulheres estão a sofrer uma goleada histórica, como se diz nesse desporto que tanto os transtorna. Não haveria nenhum livro publicado por uma mulher que batesse os lugares-comuns identitários da obra de José Gil ou o biblismo de segunda de Tolentino? Nem a Silvina, nem a Morão, nem a Buescu, nem (a minha favorita) a Rosa Martelo?
Moral da história: é certo que os prémios deste ano tiveram o grande mérito de não eleger o próprio presidente do PEN como recipiente, ou João Barrento, um premiado crónico (esperemos pelo prémio de tradução, para ver se o júri o atribui de novo a tradutores de russo, ou línguas identicamente exóticas, sem que no júri um único membro saiba russo). Mas no resto, em questões de género, o PEN continua a ser um PENis Clube. Recorrendo à sugestão fálica (e falocêntrica e falocrática) do nome do clube, seria caso para a reduplicar ad infinitum (ou quase…) até termos tantas canetas em riste quantos os homens premiados: PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PEN PÉNIS Clube…
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