Trinta minutos depois
― …parecia mais fácil do que realmente é.
― Em que sentido? Está a falar da sensação de perda?
― Não, não. Precisamente o que custa, o pior de tudo…enfim, o que é mesmo doloroso é perceber que não há perda. Há o fim…e nem sequer é o fim do afecto, porque o afecto permanece e…e, no entanto, tem de acabar, percebe? O que devia prosseguir, o que até podia prosseguir tem de acabar.
― Hmmmm…
― Pois, eu sei, a falar assim até pareço uma daquelas lengalengas do Alçada Baptista, mas o que eu lhe quero dizer, no fundo, é muito simples. Só isto: de súbito damos de caras com uma situação que traz bem à vista o selo das coisas definitivas. O selo do irreversível. E não há nada a fazer. Nada. (Pausa.) E o problema, está a ver, o problema é este: donde é que o selo veio? Quem é que pôs lá o raio do selo?!
― Em que sentido? Está a falar da sensação de perda?
― Não, não. Precisamente o que custa, o pior de tudo…enfim, o que é mesmo doloroso é perceber que não há perda. Há o fim…e nem sequer é o fim do afecto, porque o afecto permanece e…e, no entanto, tem de acabar, percebe? O que devia prosseguir, o que até podia prosseguir tem de acabar.
― Hmmmm…
― Pois, eu sei, a falar assim até pareço uma daquelas lengalengas do Alçada Baptista, mas o que eu lhe quero dizer, no fundo, é muito simples. Só isto: de súbito damos de caras com uma situação que traz bem à vista o selo das coisas definitivas. O selo do irreversível. E não há nada a fazer. Nada. (Pausa.) E o problema, está a ver, o problema é este: donde é que o selo veio? Quem é que pôs lá o raio do selo?!
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