O fim da dialéctica (IV)

Sem dúvida, a predilecção nazi pelo vegetarianismo está intimamente relacionada com uma das características que maior perplexidade suscitou, sobretudo a partir de 1945, quando os horrores dos campos de concentração foram revelados em toda a sua magnitude: o amor dos nazis pelos animais. É bem conhecido o desmesurado afecto que sentia Hitler pelo seu cão Blondi, assim como o enfado que lhe causava o entusiasmo notório de Hermann Göring pela caça, se bem que também este afirmasse amar os animais, convencido de que disfrutariam sendo caçados. A devoção nazi pelos animais não foi alheia à propaganda: nos filmes do Terceiro Reich, um soldado alemão nunca deixa ao abandono um cão desamparado.

Rosa Sala Rose, Diccionario crítico de mitos y símbolos del nazismo,
prólogo de Rafael Argullol, Barcelona, Alcantilado, 2003, p. 397.

[Trad. PS]