12 julho 2005

Acólitos e anacolutos

— Tive agora uma ideia bestial para uma tese de doutoramento…
— Ah, ah…
— A sério. Acólitos e anacolutos, topas?
— Nope.
— Então, é assim: o anacoluto é o que fica desacompanhado, sem assistência nem seguimento; o acólito, o que acompanha, o que assiste, o que dá seguimento. Topas?
— Só isso?
— Muito mais, muito mais. Então, repara. O anacoluto é o marginal, o outsider, o revolucionário generoso, o herói que se sacrifica. O acólito é o conformado, até conformista, dependente, submisso, obscuro mas decisivo, trabalha para a continuidade, a manutenção do que existe: é o reaccionário. O anacoluto é progressista, o acólito conservador. O anacoluto, insurrecto; o acólito, lacaio do poder.
— Só isso?
— Caramba, que negativo! nunca apoias uma boa ideia, porra!
— É, tens razão, não sou lá grande acólito.