25 junho 2005

O anacolutoso*

O meu mal, doutor, a doença de que realmente sofro, não sei se já lhe disse antes que nem acho que sofra bem duma doença. É não ser consequente, não dou seguimento a nada. Começo, quando começo alguma coisa coisa, começo e largo-a logo para ir começar outra. E o pior é que nem a continuo nem me esqueço de que a comecei. Fica, como direi… pendurada. É isso, o meu mal, eu acho que o meu mal é deixar os começos pendurados.

*De Caderninhos de Retórica do Groucho, fl. 182b